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O futuro da agenda ESG no Brasil: tendências e desafios para além de 2024

O futuro da agenda ESG no Brasil: tendências e desafios para além de 2024

O cenário atual das práticas de ESG (ambiental, social e de governança) no Brasil apresenta um momento crucial de transformação. À medida que as empresas buscam alinhar suas operações a uma agenda mais sustentável e responsável, o ano de 2024 se desenha como um marco decisivo.

A crise climática é uma das questões mais urgentes da atualidade. Para os próximos anos, espera-se que as empresas intensifiquem suas ações de mitigação dos impactos ambientais, com foco especial na descarbonização. A crescente pressão para reduzir as emissões de gases de efeito estufa tem levado muitas organizações a adotar fontes de energia renovável e investir em tecnologias sustentáveis.

Um exemplo significativo é o Projeto de Lei nº 412/2022, que busca regulamentar o mercado de carbono no Brasil. Essa iniciativa não apenas promove maior transparência nas emissões, mas também cria um ambiente favorável para que as empresas adotem práticas mais responsáveis.

A transparência nas práticas ESG é essencial para construir confiança com os diferentes públicos de interesse de uma organização. A partir de 2024, a elaboração de relatórios detalhados sobre ações e impactos ESG deve se consolidar como uma norma para as empresas brasileiras. Com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) prevendo a obrigatoriedade desses relatórios até 2026, as organizações precisam se preparar para essa nova realidade.

Além disso, a transparência nas cadeias de suprimentos é uma demanda crescente. As empresas são incentivadas a garantir que suas operações sejam éticas e sustentáveis em todas as etapas da produção, desde a seleção de fornecedores até as condições de trabalho.

Diversidade e inclusão também estão no cerne das práticas sociais do ESG. Em 2024 e nos anos seguintes, espera-se que as empresas implementem políticas mais robustas para promover ambientes de trabalho inclusivos. Isso compreende ações afirmativas, comitês de diversidade e programas voltados para grupos minoritários que, embora frequentemente sejam sub-representados, podem ser majoritários em número.

Estudos mostram que equipes diversas não apenas refletem melhor a sociedade, mas também são mais inovadoras e produtivas. Investir em diversidade é, portanto, não apenas uma questão ética, mas uma estratégia inteligente para o sucesso empresarial.

A transição para uma economia circular é outra tendência emergente. Essa abordagem busca integrar práticas sustentáveis ao modelo econômico, promovendo a reutilização e a reciclagem de recursos. As empresas que adotam essa filosofia não apenas reduzem seu impacto ambiental, mas também podem melhorar sua eficiência operacional. Com o aumento da conscientização sobre o desperdício e a gestão eficiente dos recursos, espera-se que mais organizações adotem essa prática como parte central de suas estratégias ESG.

 

A tecnologia desempenha um papel crucial na implementação eficaz das práticas ESG. Ferramentas digitais estão sendo utilizadas para monitorar e relatar impactos ambientais, sociais e de governança. A automação pode ajudar na diminuição de resíduos e emissões, enquanto soluções baseadas em inteligência artificial têm o potencial de otimizar processos operacionais. Além disso, a inovação tecnológica é capaz de facilitar iniciativas voltadas ao bem-estar social, como programas de saúde mental e inclusão digital.

O governo brasileiro está se mobilizando para criar um ambiente regulatório favorável às práticas ESG. Para os próximos meses espera-se a promulgação da Nova Lei de Empresas Sustentáveis, que estabelecerá diretrizes claras para a integração dessas práticas nas operações empresariais. Essas regulamentações não apenas incentivam as empresas a adotar práticas sustentáveis por meio de subsídios e benefícios fiscais, mas também posicionam o Brasil como um líder global em responsabilidade corporativa.

À medida que avançamos em direção ao final do ano de 2024, fica claro que as práticas ESG não são apenas uma tendência passageira: elas estão se consolidando como parte essencial da estratégia empresarial moderna. As empresas que abraçam essas mudanças mitigam riscos, reduzem custos e contribuem significativamente para um futuro mais sustentável.

A adoção das melhores práticas ESG é um imperativo tanto moral quanto econômico. O compromisso com a sustentabilidade será um diferencial competitivo crucial à medida que o mercado evolui. Portanto, é fundamental que as organizações se preparem para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que surgem nesse novo cenário.

Exemplos desses desafios e oportunidades podem ser percebidos na pressão crescente sobre as empresas para que apresentem ações concretas, em vez de meras declarações de intenções. Isso implica um foco maior na autenticidade das práticas ESG. Além disso, o Brasil sediará a Conferência do Clima (COP30) em 2025, o que está motivando as empresas a se prepararem para um escrutínio mais rigoroso sobre suas práticas ambientais.

Portanto, o futuro da agenda ESG no Brasil é promissor, mas requer ação coletiva e comprometimento genuíno por parte das empresas. Juntos, podemos construir um ambiente corporativo mais responsável e sustentável para todos.

Sobre o autor

Mário Allan Ferraz Mafra é vice-presidente de finanças do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de São Paulo (IBEF-SP). Contador pelo Mackenzie/RJ, mestre em administração financeira pela PUC/RJ, pós- graduado em gestão empresarial pela FGV/RJ e pelo INSEAD/França. Mafra é também conselheiro fiscal da APAF – Associação Paulista de Apoio à Família e presidente do conselho fiscal do Instituto CEO do Futuro.

Fonte: SETCESP / Valor Econômico

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