A Confederação Nacional do Transporte (CNT) publicou, nesta quinta-feira (20), a edição de fevereiro do Boletim de Conjuntura Econômica, apresentando uma análise dos principais indicadores que afetam o setor de transporte no Brasil. O documento aborda a projeção para a taxa básica de juros, a valorização do dólar e o comportamento da inflação, fatores que influenciam custos operacionais e investimentos no setor.
A meta da taxa Selic pode atingir 14,25% em março, o maior nível desde 2016. Atualmente em 13,25% ao ano, o aumento projetado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) visa conter a inflação. O cenário nacional contrasta com a tendência observada em outros países, onde os bancos centrais iniciaram a redução dos juros.
A política monetária mais restritiva pode impactar a cotação do dólar, uma vez que investidores tendem a buscar rendimentos mais elevados no mercado brasileiro. A possível valorização do real pode reduzir os custos de importação de insumos essenciais para o setor, como combustíveis e peças. Por outro lado, o fortalecimento da moeda brasileira pode afetar a competitividade das exportações, reduzindo a demanda por fretes internacionais.
Inflação e Custos do Transporte
A inflação permanece como um fator relevante para o setor. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,44% em janeiro, menor variação para o mês desde 1994. No acumulado de 12 meses, a inflação atingiu 4,56%, superando o teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
No setor de transportes, os custos apresentaram elevação. Em janeiro, a inflação no segmento foi de 1,30%, influenciada pelo aumento das passagens aéreas, que tiveram alta de 10,42%, e pela elevação dos preços dos combustíveis, que subiram, em média, 0,75%. O etanol apresentou a maior variação no período (1,82%), seguido do óleo diesel (0,97%) e da gasolina (0,61%). No acumulado de 12 meses, as altas foram de 21,59% para o etanol, 10,71% para a gasolina e 2,66% para o óleo diesel.
Desempenho do Setor
A Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) registrou queda de 0,7% no volume de serviços de transporte em 2024. O segmento de cargas teve retração de 4,6%, enquanto o transporte de passageiros apresentou crescimento de 1,9%.
Em dezembro, o transporte aéreo registrou alta de 7,0% no volume de serviços. No mesmo período, as atividades de armazenagem, serviços auxiliares ao transporte e correios cresceram 2,0%, e o transporte aquaviário teve aumento de 0,8%. O transporte terrestre apresentou retração de 2,4% no mês.
Geração de Empregos
O setor de transporte registrou a criação de 113.786 postos de trabalho em 2024, resultado de 1.386.087 admissões e 1.272.301 desligamentos. O número de trabalhadores formais atingiu 2,81 milhões, representando 6,0% do total de empregos com carteira assinada no país, que soma 47,21 milhões.
O transporte rodoviário de cargas foi o principal responsável pelo crescimento no número de empregos no setor, com a geração de 60.215 novas vagas ao longo do ano.
Fonte: https://www.tecnologistica.com.br/noticias/mercado/19524/setor-de-transporte-avalia-impactos-economicos-diante-de-juros-cambio-e-inflacao-para-2025/?utm_campaign=newsletter_260225&utm_medium=email&utm_source=RD+Station