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Brasil deve superar Alemanha e liderar vendas globais da Mercedes-Benz em 2025

Com expectativa de alta entre 15% e 20% nas vendas em 2025, o país deve liderar desempenho global da Mercedes-Benz; desaceleração na Europa, marcada por inflação, conflitos e instabilidade política, reforça protagonismo do mercado nacional
Apesar do cenário desafiador no mercado interno, marcado pela queda nas vendas de caminhões extrapesados em razão da alta dos juros, a Mercedes-Benz projeta que o Brasil encerrará 2025 como seu principal mercado global, superando a Alemanha — atual líder em volume de vendas. O país, que já ocupou essa posição em 2020 e 2022, deve retomar a liderança, impulsionado por um portfólio mais diversificado e pela recuperação prevista para o segundo semestre.
A montadora prevê crescimento entre 15% e 20% nas vendas no Brasil em 2025, em relação ao ano anterior. No primeiro semestre, os emplacamentos aumentaram 13%, garantindo à marca um market share de aproximadamente 25%. A expectativa é que o segundo semestre, historicamente mais aquecido, acelere ainda mais os resultados.
“Estamos crescendo em relação a nós mesmos, e não ao mercado como um todo, que deve fechar o ano com uma retração de cerca de 10%”, afirmou Jefferson Ferrarez, vice-presidente de Vendas, Marketing e Peças & Serviços Caminhões da Mercedes-Benz do Brasil.
Esse otimismo se baseia, principalmente, na possível retomada gradual do segmento de caminhões pesados e extrapesados, que enfrenta uma desaceleração.
O bom desempenho do Brasil também reflete a desaceleração na Europa. Segundo Ferrarez, fatores como inflação elevada, conflitos geopolíticos e incertezas políticas têm freado os investimentos no continente — o que contrasta com a demanda ainda sólida no mercado brasileiro.
“O mercado europeu está esfriando. Além disso, há uma crescente presença de fabricantes chineses na região. Isso, de certa forma, fortalece o desempenho do Brasil, onde a procura segue estável”, explicou o executivo.
Mercado estratégico
Para Achim Puchert, CEO da Mercedes-Benz Trucks, com uma forte presença na América Latina e características únicas, o Brasil se consolida como um dos mercados mais importantes para a Mercedes-Benz no mundo. “Além do tamanho e da complexidade da economia, o país oferece vasto potencial de crescimento e oportunidades”, diz.
Jefferson Ferrarez reforça que a empresa está preparada para atender à crescente demanda, com capacidade instalada e um portfólio diversificado. Segundo ele, apesar das incertezas globais, o Brasil mantém um nível de estabilidade relativo. “O segmento extrapesado, por exemplo, cresceu acima da média no ano passado e ainda representa 45% do mercado total, que gira acima das 100 mil unidades.”
Tarifaço de 50%
Apesar do otimismo moderado, a Mercedes-Benz acompanha com atenção os desdobramentos da nova medida anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que prevê uma taxação de 50% sobre produtos agrícolas importados, como café e suco de laranja, a partir de 1º de agosto. A medida, parte da escalada protecionista norte-americana, afeta diretamente o agronegócio brasileiro — setor que é um dos principais motores da demanda por caminhões pesados e extrapesados.
“Estamos analisando os impactos de uma eventual taxação. Ainda é cedo para mensurar o efeito exato, mas certamente haveria influência nas vendas de caminhões, especialmente extrapesados”, afirma Jefferson Ferrarez. “O agronegócio depende fortemente do transporte rodoviário, e qualquer mudança na competitividade das exportações pode afetar o volume transportado.”
A companhia trabalha com diferentes cenários para avaliar os possíveis impactos, mas reconhece a dificuldade de se planejar diante de um ambiente político e econômico altamente volátil.
“É difícil fazer previsões com base em informações que mudam de um dia para o outro. Já desenhamos três cenários principais, mas, por precaução, seguimos operando como se nada mudasse — justamente porque muitas decisões são revistas ou revertidas rapidamente”, explicou o executivo. “Caso a taxação seja realmente implementada, o impacto será relevante, embora ainda não seja possível quantificar com precisão.”
Fonte: Transporte Moderno